Medos que os riscos carregam!


Básico.


Conheci o Bruno através de um site de solitários buscadores de alguma atenção e quiçá de uma amizade colorida e de relações físicas sem compromisso, uma vez que no mesmo apenas participam indivíduos casados e comprometidos. Tivemos uma empatia imediata e chegou a fazer 200 quilómetros para me conhecer, no entanto nem eu nem ele sentimos qualquer elan e foi pela minha amiga tatuada que deixou tombar a asa.
Conseguimos falar de tudo, confidencia-me os seus momentos mais soturnos, num casamento feito com a mulher que escolheu e a quem adora, mas sentindo que lhe falta algo que não consegue explicar. Desaconselhei-o de arranjar mulher para as chamadas voltinhas, alertei-o para os perigos, no entanto decidiu ir em frente e teve momentos de verdadeira loucura, com muito prazer físico, desligado, pensava ele, mas com sensações que lhe permitiam encarar os dias de forma mais ligeira.
Numa relação, as duas pessoas não estão sempre na mesma sintonia, ora um ora outro, pode passar de repente a querer mais e a acontecer chegam as exigências e os amargos de boca, porque nem toda a gente consegue talento para amizades coloridas e no final acabam feridos, a sangrar por dentro.
O Bruno tem agora em mãos uma mulher magoada que não aceita a sua ausência, por isso tem-lhe infernizado a existência e o que dantes eram apenas tardes de puro prazer, de sexo levado ao extremo e de descobertas de pontos que nem sabia existir, agora são enormes apertos de coração. Sempre que o telefone toca julga ser a esposa que do outro lado da linha lhe gritará impropérios. Vive atormentado e arrependido. Os orgasmos múltiplos não lhe trazem qualquer prazer agora, trazem-lhe medo e incredulidade. Como poderá ter querido tão pouco, quando ao seu lado vive quem sempre lhe deu tanto? O que estaria a pensar afinal? Porque não deixou o amigo dentro das calças? Pois, agora resta-lhe esperar que passe, adormecendo a fingir que foram tudo  cenas de um filme barato. Agora jamais voltará a ser o mesmo e anseia apenas sair disto sem a estocada final. Vivo por dentro!

Enviar um comentário

0 Comentários