Sabes que nunca chegaste a ver-me dançar?

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Quando sou apenas eu, sinto escorrer os pingos de suor pelos meus seios, que não chegam como castigo, mas como uma espécie de prémio de consolação por tanta actividade e pela capacidade que ainda vou tendo de me deixar toda em movimento! Um milhão de coisas depois, vou-me intercalando com os sons que me fazem ter a certeza de que é aqui e assim que quero estar, a cansar-me até que possa voltar ao estado mais "normal", aquele que não assusta os outros. Sozinha, sem que me olhem, sou apenas eu, comigo e com o corpo que me acompanha. Valha-me isso, mas supero-me, não me escondo, largo cada fibra de que sou feita, fico a arfar com tanta entrega, mas nunca paro de sorrir e sempre que olho para o meu reflexo, gosto do que vejo.

Quando sou apenas eu não perco tempo, deixo-me ir, sonho acordada, mas faço acontecer. Quando sou apenas eu, sei que lições preciso de aprender e como me poderei melhorar. Quando sou apenas eu, torno-me ainda mais exigente, e sei tudo o que posso fazer contigo, a ti que ainda não vejo nem tenho, mas que que me estás reservado.

Os meus dias são, sempre que posso, começados assim,  a fazer o que mais gosto, a dar-me o que não preciso de pedir, a olhar-me tão dentro que por vezes receio não conseguir voltar. Quando sou apenas eu, vejo claramente os olhos dos outros e fico, sempre, com duas alternativas, ou aceito, ou me volto para mim.

Sabes que nunca chegaste a ver-me dançar? O que te posso garantir é que jamais voltarias a ser o mesmo! 


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