Se pudesse, voltava!

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Se pudesse voltava ao momento em que me sentia só, confusa, dorida, amarga e sofrida, mas voltava só para poder sentir alguma coisa. Se pudesse voltar aos momentos em que me importava, de alguma forma, com alguém, comigo, com os meus sentimentos que cavalgavam qual cavalo selvagem, mas que me mantinham à espera de alguma coisa, à espera de que os dias nascessem e fossem o mais longos possível para te incluir e para saber de ti, voltava. Se pudesse voltava atrás no tempo e arrancava de mim a frieza que se instalou. Os medos foram-se, mas ficou o pior de mim. Ficou a mulher que dificilmente voltará a sorrir, sem razão aparente. Ficou a mulher que deixou de acreditar, e de querer que alguém se instale, e a mude.


Quando tudo parece acertar-se e fazer sentido, é possível que nos levem a querer outros lugares, a imaginar cores diferentes, ouvindo músicas novas, dançando juntos, sentindo juntos e estando verdadeiramente juntos. Quando tudo parece acertar-se, o melhor de nós procura melhorar-se, dar o que tem e o que ainda arranjará forma de incluir, ganhando poderes e forças que pareciam ter-nos abandonado há muito. Quando tudo parece acertar-se, nós, invariavelmente, acordamos renovados, sem dores, ou a sentir que as nossas podem diminuir, bastando uma voz, aquela.

Por vezes ainda dou comigo a sonhar, com o que tinha, com o que era, acabando a sentir saudades, e a querer voltar. Por vezes apenas vagueio, como se nada tivesse acontecido e como se apenas tivesse saído do pesadelo, que me roubou metade da noite. Por vezes percebo que ao acordar desfiz o que agora me impede de sentir.

Voltar se pudesse até que voltava, só para poder inspirar o que me iria devolver o que já me pertencia, eu mesma!

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