Que estranha esta sensação...

Strong original painting by Renata Čėplaitė. Nude


Que estranha esta sensação de já não encontrar sentido em nada do que fui quando supostamente não era apenas eu!

As promessas têm a força do momento, dos sentimentos e dos desejos de serem cumpridos, mas no depois, quando o depois acontece, olhamos de forma incrédula para tanta credulidade. Não existe ingenuidade, apenas amor, muito e capaz de mudar até alguns planetas de órbita. Não existe demência, apenas vontade de que tenham a mesma vontade com que acordamos todos os dias e adormecemos ávidos de recomeçar. Não existe burrice natural, mesmo que os apaixonados pareçam envolver-se numa capa invisível de impossibilidades. 

Já percebi que é possível "desamar" e deixar de ver estando temporariamente cega, talvez por isso não encontre o fogo que me consumiu quando esperava, em total desespero, pelo que se decidissem dar-me. Já percebi que mudei e que não tenho mais forma de encontrar o que perdi, por isso escolho não me perder para sempre.

Não deixa de ser estranha a sensação de já não me lembrar do que me moveu quando estava quieta, entrega ao que conheço e reconhecendo que apenas meu pragmatismo, mas talvez signifique apenas que o ontem ficou lá, no lugar de onde nada poderá voltar...

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