Do que tenho medo afinal?



Estamos a escrever a declaração que certamente cada um desejará assinar por baixo, mas por agora e enquanto me analiso até à exaustão, sinto medo até de pensar alto. Sempre gostei de conduzir o meu destino, e mesmo que entenda que não controlo tudo, tenho encontrado forma de controlar a minha vontade de ter mais alguém para além de mim mesma.

Quem disse que amar era fácil? Quem se atreveu a achar que os recomeços são necessários e inevitáveis? Quem nos consegue certificar de que a decisão de estar sozinha não é a mais acertada?

Tenho uma vontade legítima de me sentir tocada para além do que já fazes, porque só me tocando assim, bem dentro do que já sou e tenho, poderias alguma vez semear-me as dúvidas que quase me matam. Sei que preciso de alguém como tu, forte, determinado e capaz de esperar que a minha espera termine, mas também sinto que uma vez iniciado o primeiro momento, aquele que se seguirá a todos quantos já fomos capazes de imaginar, nada mais nos fará parar.

Do que tenho medo então, se tudo parece estar na pessoa que a minha reconheceu? Isso mesmo, TUDO. A sensação de já não estar na frente do leme; A necessidade que surgiu, do nada, de ser olhada como mulher; Os momentos partilhados todo o dia e a todas as horas do dia; As respostas que preciso de dar porque os silêncios já não me pertencem; O teu respirar que se mistura no meu e nos acende a chama que alimentamos, tu com muita determinação e eu a recear que me queime no fogo que provoco...

Há tanto que te digo para te demover de esperares, mas a verdade é que se te perdesse agora, perderia a parte de mim que me recorda de que estou viva. Há muito em jogo, mas não estamos a jogar e por isso não queremos apostar a felicidade, porque não a conseguir seria deixar para depois o que já não voltaria a acontecer, a mim não certamente.

Estamos a escrever a declaração que nos reflete, mas ainda precisamos de saber se a assinaremos!

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