Os teus e os meus 28 anos de vida!


De repente, mesmo que saiba que não foi do nada, até porque vivi intensamente cada etapa, o meu primogénito faz 28 anos.

Usei os 336 meses para o fazer crescer, passar segurança e corresponder às expetativas que nem sabia ter de mim. Nunca desejei que estivesse mais à frente, que crescesse rapidamente, ou sequer que não me motivasse a ser mais habilitada, mais forte e estruturalmente mais capaz, por isso as 1,460 semanas chegaram e terminaram a validar tudo o que acreditava estar a fazer da forma certa, mas dando-me tempo para ajustar o que não funcionara tão bem. Tanto que ensinei e aprendi em 10,220 dias. Tanto que senti e fiz sentir, permitindo-lhe usar de cada ferramenta que selecionei, meticulosamente, para que pudesse resistir aos embates do mundo. Tanto que chorei, com ele e sozinha, de cada vez que duvidei do maior papel que alguma vez me coube nesta vida.

Estive e continuo muito presente. Nunca reclamei, por um minuto que fosse, do muito que precisei de lhe dar para que um dia já tivesse recebido tudo. As 245,280 horas foram verdadeiramente vividas. Não deleguei a mais ninguém a enorme responsabilidade de lhe ampliar o carácter, mostrando-lhe, como apenas eu poderia, o poder de nos sabermos emocionalmente preparados, para nós e para os outros. Ensinei pelo exemplo e nunca apregoei o que eu mesma não seria capaz de cumprir. Mesmo que em nenhuma das horas vividas se tivesse apercebido do quanto o estava a guiar, hoje é ele que conduz a sua própria vida, deixando-me orgulhosa em cada nova etapa, refletindo, na perfeição, tudo o que absorveu por imitação.

Se os 14.716,800 minutos que resultaram dos 883.120,000 segundos dum relógio bem afinado e a funcionar em sintonia, não tivessem produzido o ser admirável a quem chamo de filho, então a minha derrota seria muito pesada. No entanto, hoje, dia 17 de Maio do ano de 2022, celebro de longe, mas sempre e para sempre perto, o dia em que descobri que afinal só começara verdadeiramente a viver, por ter apresentado ao mundo a razão pela qual deveria estar aqui.

De repente o meu primeiro filho completa a mesma idade que tinha quando passámos a ser a única família que permanecerá para sempre.

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