As minhas cartas!

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Olá a ti,

Sabes sempre quando é que me dirijo a ti. Sabes porque conheces cada uma das minhas palavras e elas fazem o sentido que já lhes demos os dois. Olá, porque quero apenas saber de ti. Quero a certeza de que estás bem, mesmo que tão longe de mim. Preciso de te ouvir porque apenas assim me tranquilizo. A tua voz carrega as preocupações, os medos e o prazer que um dia, há muito tempo atrás, apenas eu te passava. Olá depois de tantos que usei, mas que agora substituí por longos adeus.

As minhas cartas são sempre para ti, porque apenas do teu lado me chega a vontade de escrever. As minhas cartas levam o que não encontro forma de dizer, por medo, por falta de tempo e por não te querer massacrar. As minhas cartas levam as lágrimas que nunca derramo quando te falo. As minhas cartas são tudo o que sou, por dentro, porque por fora apenas funciono de forma mecânica, mesmo que sempre segura.

Por vezes "grito" que não quero saber de ti e que não me importo com o que fazes e dizes. Por vezes quase que me convenço que acredito em mim, no que digo já não ter, sabendo que tenho e mantenho tudo. Por vezes canso-me de lutar contra ti, quando era contigo que deveria estar, ao teu lado, a ser o que me sabe tão bem. Por vezes sinto medo de estar, mesmo errada e de afinal ser muito menos do que sou já. Por vezes não sou nada. Não sinto nada. Não vejo nada e não encontro respostas para nada.

As minhas cartas são sempre escritas no meio das noites mais longas e frias, porque frio é tudo o que sinto agora por já não te conseguir sentir. As minhas cartas lavam-me por dentro e permitem-me acumular mais palavras, as mesmas que um dia, talvez ainda seja capaz de te dar. As minhas cartas são do formato que afinal nunca fui capaz de ser e de ter para ti.

A ti que ainda me vais limpando algumas lágrimas, quando te escrevo, deixo mais uns quantos sons envoltas num enorme desejo de que nunca pares de me ter completamente.

Beijos. Hoje apenas beijos,

M.A.

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