A primeira vez de muitas!



Como foi, está a ser e imaginas que será mais uma primeira vez?

Os começos e muitos recomeços a que a vida nos obriga, nem sempre são suaves e carregados de arco-íris, porque a realidade tem sempre uma forma, "real", de nos fazer caminhar com os pés primeiro. A primeira vez que acreditei já não a ter que voltar a repetir, fez-me aprender de que forma me mover, sentindo e oferecendo o prazer que me moveu durante umas quantas décadas. A minha primeira vez foi bonita e simples, mesmo que envolta na complexidade da inocência, mas acabou por se transformar na que pautaria todas as outras. Tive mais umas quantas, todas diferentes, mas sempre iguais na entrega e no desejo que apenas o amor provoca. Tive corpos e mãos que me tocaram, sabendo como e onde e olhares que se misturaram no meu, falando muito para além das palavras. Fui sempre eu em cada primeira vez e senti, sem qualquer surpresa, que estaria mesmo a recomeçar, mas em começos que nunca se assemelharam a nada remotamente parecido. 

Os amores que me entraram alma dentro, sem pedir permissão, aconteceram quando era suposto, mesmo que me surpreendessem pela enorme entrega que colocava em cada um. Tive-os de diversos formatos, mas sempre com uma forma comum, a minha, porque nunca me afasto demasiado do que sou na essência, de contrário nunca me chegariam a conhecer.  As primeiras vezes testaram-me alguns limites, levando-me a crescer mais um pouco e a saber do que aparentemente nem sabia, mas que envolvia, muito bem, no que sentia e fazia crescer, porque apenas dessa forma os amores crescem. Tive beijos que me ensinaram a beijar e outros que me forçaram a ensinar de que forma queria ser beijada; Tive toques que reconheci de imediato e outros que levaram mais tempo a tocar-me por dentro; Tive quem me fizesse sonhar estando bem acordada e tive os que me acordaram mal me atrevi a sonhar; Tive as experiências que mantenho ainda hoje, porque sou feita de todas, mas deixei-as no lugar que lhes pertence, "lá", com as pessoas que as provocaram. 

A primeira vez que decidi já não voltar a ter mais nenhuma, saiu-me trocada, trocando cada uma das voltas que me habituara a dar. Não me importei de me provar errada, mas importava-me saber o que ainda conseguiria provocar em quem chegasse e se instalasse por me conseguir ver. Não sei como é suposto ter mais uma primeira vez após umas quantas, mas pretendo aprender, estou sempre pronta a acrescentar outras páginas ao livro da minha vida e a juntar as legendas que me farão ler melhor. A primeira vez que acreditei que o amor por si só bastava, esbarrei na impossibilidade de usar o que julgava saber e percebi, da forma mais dolorosa possível, que nem sempre temos o que os outros acreditam precisar e foi com ela que tive uma ENORME vontade de que esta fosse realmente a minha primeira vez e que não soubesse NADA sobre a agonizante dor que a impotência, a minha, provoca. Mas como existe sempre uma primeira vez para tudo, seguramente que nas seguintes já saberei o que ainda me faltava.


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