E se não te tiver?



E se não te tiver? Fazia-me esta pergunta vezes sem conta, até perceber que cada dia seguiria sempre comigo dentro e que nem a tua falta me impediria de sentir da única forma que sei, intensamente. Quem fui quando julgava ter-te? A minha versão falsa e falível. Fui bem menos do que alguma vez achei possível, mas foi ao entender as inúmeras possibilidades que me reserva o mundo, que me reservei tempo para regressar a mim.

O que me faz falta é exatamente tudo o que tenho e que na verdade é tanto que esperar por mais me tornaria ingrata. Quem me faz falta será a pessoa que estiver em todas as ocasiões, sendo real e verdadeira, mesmo que na amálgama de defeitos que nos cabe a todos. O que não quero deixar de ter é o que me ocupa cada um dos momentos que vivo à minha velocidade, cuidando de tudo o que faz de mim a pessoa que vale a pena ter por perto, desde que aos outros não falte a integridade, o respeito pelo que são e pelo nome que carregam e que seguramente já semearam e desejam ver florir.

E se não te tiver? Ter-me-ei de forma a que volte a ter quem me faça amar ainda com mais desejo e entrega. Terei forma e formatos que se adequarão a quem for a minha pessoa adequada. Terei sons e sorrisos cheios de luz e sem que a escuridão se volte a instalar. Terei o que sou capaz de dar e faço-o sem qualquer esforço. Se não te tiver, como na realidade nunca tive, terei mais tempo para saber quem afinal permito na minha vida.

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