Do que é que gostava?



Gostava de poder conversar "contigo", como o faço comigo, sem barreiras, mágoas ou dores insuportáveis. Gostava de gostar de todos os nossos momentos, sem esforço, apenas usufruindo da mesma companhia que me devoto, porque comigo estou sempre. Gostava de ouvir, da tua boca, palavras sinceras e sábias, sabendo que me eram dirigidas e que tinham como única finalidade manter-me o coração preenchido. Gostava, muito, de que soubesses de que forma gostar de mim.

Tenho o que conquistei e o que ainda amealho para dias cinzentos, mas tenho-me sobretudo a mim, segura, consciente do que posso dar e do que terei que receber para que tudo se encaixe de forma suave e a fazer sentido. Tenho todo o amor que acumulei para usar com quem souber dividir o amor que me terá. Tenho sonhos dos quais não abdico e neles está sempre presente a pessoa que a minha reconhece e com a qual partilha o que vale a pena. Tenho tudo o que preciso para não precisar de "ti", mas gostava de te poder encontrar, sabendo, ao tocar-te, que me eras destinado. 

Gostava de não ter que explicar o que deveria ser subentendido. Gostava, verdadeiramente, de ter um lugar cativo na vida de quem entrasse na minha, porque o fará sempre pela porta principal. Gostava de não ser a repetição de movimentos, palavras e posturas, porque se não for diferente e melhor, apenas servirá para me consumir. Gostava, mas sei que ainda acontecerá, de poder dizer que cheguei e que esbarrei em quem foi capaz de chegar ao mesmo tempo e com a mesma intensidade. Gostava de saber ao que sabe ser verdadeiramente amada.

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