Não quero esperar mais!

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Não quero esperar mais! Não quero que o meu mundo se mova de forma a que fique, eu, à espera do que certamente terá que chegar, não quando eu o disser, ou pedir, mas quando o sentir. E para te sentir...


Eu explico, ou pelo menos vou tentar que me entendas. Eu já sei quem és, vejo os contornos da tua face quando o meu sono é profundo, o que nem sempre acontece, porque raramente me desligo. Eu sei tudo o que ouvirei quando falares e qual é o timbre da tua voz. É colocado, determinado e quente, tal como o meu, fala quando me calo e diz-me sempre o que espero. Eu já sei o tamanho das tuas mãos e o poder delas de cada vez que me envolverem pela cintura, aproximando-me, tanto, da tua boca, que beijar-te será inevitável e carregado de um desejo que o meu corpo será incapaz de disfarçar.

Não quero esperar mais, mas não existe outra forma. Tu foste feito para mim, é comigo que vais permanecer, mas teremos que esperar, eu e tu, para que os planetas se alinhem e para que tu me vejas e reconheças como eu serei capaz de o fazer já.

Não deveria haver intervalos, não para este filme, o argumento teria que ser corrido, imparável e sem silêncios. Não deveria ser preciso passar pela mesma ponte, uma e outra vez, apenas para perceber que estava a escolher a margem errada. Não deveria ter que me saber tocada, olhada e amada, num amor de ensaio, para que a peça, pronta e com todas as personagens, pudesse ser estreada.

Não quero esperar mais, se até já te sinto o cheiro e se cada um dos teus passos vão vindo, determinados na minha direcção. Não quero esperar mais porque preciso tanto de te tocar, de olhar os olhos que têm a cor que escolhi e de me arrepiar com o sorriso que virá da única boca que saberei beijar. Não quero ter que esperar mais, mesmo que saiba que não virás um minuto mais cedo e que por hora, apenas terei que te ir encontrando, noite após noite, nos sonhos onde és quem preciso e onde eu sou quem que trará até aqui a mim, a nós!

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