Será que gostava de acreditar no amor?



Gostava de ser capaz de me voltar a apaixonar pelo amor e por tudo aquilo que ele representa enquanto somos capazes de acreditar. Gostava de voltar a sentir vontade de o ter na minha vida de forma consistente e tranquila. Gostava de deixar de lado esta sensação de desistência pacífica, porque se ela acabar colada como uma segunda pele, dificilmente haverá retrocesso.

Já mal me recordo de como era começar e terminar os dias com um amor certo, porque certo será tudo o que nos fizer bem. Já nem sinto saudades de uma voz diferente, empenhada em palavras que me mantivessem acordada, apaixonada e devidamente enamorada. Já estarei, muito provavelmente, conformada com a inexistência de alguém que me motive a recomeçar a viagem com tudo a que ela tem direito, as borboletas na barriga; os beijos a toda a hora e a horas inconvenientes, para os outros claro está; os risos parvos e os toques que nunca parecem tocar o suficiente.

Já deixei de querer enumerar as qualidades que me acertam, talvez porque esteja finalmente certa de quem sou, bastando-me o suficiente para que não tenha que esperar por quem nunca chegou, ou pior ainda, procurar por quem muito provavelmente nem sequer existe. Já estou tão envolta na minha paz interior, que parei de "comprar" cartas náuticas para mares revoltos. Já não preciso de guerras emocionais e muito menos de pessoas inseguras e sem metas prováveis. Já me reformei dos solavancos do coração e das corridas paradas, daquelas que nunca nos levam a lugar algum.

Gostava de acreditar que ainda sou das que acredita no amor, mas a verdade é que escolhi amar sem ter que provar qual a intensidade que imprimo a um sentimento tão natural quanto é respirar. Gostava de dizer que ainda não me "reformei" sentimentalmente, mas depois de ter espreitado e arriscado entrar no único lugar onde realmente me sinto eu, escolhi atirar para bem longe a chave, e que bem que me soube.

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