Quem sou eu para achar que sei?

Quem sou eu para achar que sei o que sentiste quando escolheste não me escolher? De onde me vem o direito de te julgar sem saber do que padeces, do que te deixa mais vivo, de bem contigo e até feliz? Por que motivo considero ser mais fácil considerar-te cobarde ao desistires, ao invés de apenas entender que simplesmente não era a tua pessoa certa? Quem me mandou fantasiar o que não passou de apenas um desejo envolto na vontade de apenas saberes do que era feita?

Uma relação é composta por duas pessoas, um mundo inteiro a julgar, de todas as pessoas que nos impulsionam a seguir em frente, mas também das que apenas respirarão melhor se o nosso suspiro se apagar. Uma relação, qualquer que seja e independente do que a moveu, tem que saber muito bem ao que vai, o que precisa de fazer para que o amor se faça para além de todas as dúvidas e medos e que armas utilizar quando a dor se instalar. Uma relação, por muito bem que comece, precisa de ter o que a manter para sobreviver a cada acordar, continuando muito para além da noite.

Quem achei que era quando decidi que nunca te iria sentir a falta? Porque é que acreditei que não me revolverias os sonhos, matando-os logo de seguida, mesmo que os repetisse, na esperança de te voltar a ouvir, tocar e sentir? Quem me certificou, como se fosse possível catalogar os sentimentos, que me bastaria olhar para os teus defeitos para agradecer a fuga antecipada? O que achei que já sabia quando soube, à força, que me farias mais mal do que bem, mas que ainda assim te amaria até deixar de conseguir pensar, ter memória e perder os sabores a que me soubeste?

Quem sou eu afinal para achar que sei que nunca ficarás melhor sem mim?

Enviar um comentário

0 Comentários