Será que faz sentido?



Certamente que já sentiste, uma vez que seja na tua vida, que podes simplesmente gostar de alguém pela imagem que tu mesma criaste. Os inícios das relações são de alguma forma conturbados e viajam a velocidades distintas, acelerando para o que julgamos já ser certo e desacelerando sempre que esbarramos num holograma, ou seja, na nossa criação do outro. Pode soar a estranho e complexo, mas na realidade é mais comum do que parece.

A necessidade de termos alguém que se encaixe de forma perfeita no nosso modelo, leva-nos a esperar pelo que o outro nem sempre tem ou pode dar. As nossas expectativas saem regra geral goradas, por iniciativa nossa e mau uso do que ouvimos e vemos, é que a dada altura estamos a acrescentar palavras que não foram ditas e a suprimir as repetidas, porque assumi-las seria ver com clareza. 

Daria imenso jeito encontrar a tal da alma gémea, aquela que não precisaria de mexer mais do que um dedo para que nos acertássemos de imediato, mas na verdade as coisas não acontecem dessa forma. As relações obrigam a acertos, a uns quantos desenganos e a fasquias que subirão ou baixarão consoante tenhamos ou não flexibilidade mental.

Somos o que somos e não adianta forçarmo-nos a ninguém, vendendo uma imagem que rapidamente cairá por terra. Temos o que construímos e nem sempre teremos forma de deitar abaixo todas as estruturas, começando outras novas, apenas para que nos aceitem e saibam o que fazer connosco. Sabemos do que aprendemos, se estivemos realmente voltados para nos acrescentarmos o que seguramente dará mais de nós e nos fará beneficiar mais do outro. Ficamos quando temos tudo resolvido, mas dificilmente deixaremos de partir quando não fizer de todo sentido.

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